segunda-feira, 30 de junho de 2014

In pressões em Toledo

Vídeo produzido pelo bolsista de graduação Carlos Augusto Lopes dos Santos como relatório em vídeo da viagem feita pelo EFF para o IV Seminário Integrador Escrileituras, para Toledo-PR em maio de 2014.
Esse vídeo compõe o nosso primeiro ebook, "Toledo como vivências" que em breve será disponibilizado para download.



sexta-feira, 27 de junho de 2014

Natália

Oitavo e último vídeo da série O Pensamento oblíquo produzido pelo Prof. Dr. Silas Borges Monteiro para o IV Seminário integrador Escrileituras, apresentado em Maio de 2014 em Toledo-PR na mesa redonda: “Heidegger, Derrida e Deleuze: perpectivas da diferença”.






"Vamos falar de pesticidas 
E de tragédias radioativas 
De doenças incuráveis 
Vamos falar de sua vida 

Preste atenção ao que eles dizem 
Ter esperança é hipocrisia 
A felicidade é uma mentira 
E a mentira é a salvação 
Beba desse sangue imundo 
E você conseguirá dinheiro 

E quando o circo pega fogo 
Somos os animais na jaula 
Mas você só quer algodão-doce 
Não confunda ética com éter 
Quando penso em você eu tenho febre 

Mas quem sabe um dia eu escrevo 
Uma canção pra você 
Quem sabe um dia eu escrevo 
Uma canção pra você 

É complicado estar só 
Quem está sozinho que o diga 
Quando a tristeza é sempre o ponto de partida 
Quanto tudo é solidão 
É preciso acreditar num novo dia 
Na nossa grande geração perdida 
Nos meninos e meninas 
Nos trevos de quatro folhas 
A escuridão ainda é pior que essa luz cinza 
Mas estamos vivos ainda 

E quem sabe um dia eu escrevo 
Uma canção pra você 
Quem sabe um dia eu escrevo 
Uma canção pra você 
Quem sabe um dia eu escrevo 
Uma canção pra você..."

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Localidade: Não misture Ética com Éter

Sétimo vídeo da série O Pensamento oblíquo produzido pelo Prof. Dr. Silas Borges Monteiro para o IV Seminário integrador Escrileituras, apresentado em Maio de 2014 em Toledo-PR na mesa redonda: “Heidegger, Derrida e Deleuze: perpectivas da diferença”.






"Não haveria possibilidade alguma, nem imagino que houvesse alguém exatamente com essa intenção, pois que se saiba que a ética é domínio da filosofia. E do modo como ela a pensa, pode ser útil a governantes, imperadores, cozinheiros e ajudantes gerais, pois todos fazem a pergunta clássica kantiana: o que devo fazer? Embora o chinês tinha em tela algo mais complexo do que demandas hodiernas e ordinárias."

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Uma Tradição apresenta SUAS armas

Sexto vídeo da série O Pensamento oblíquo produzido pelo Prof. Dr. Silas Borges Monteiro para o IV Seminário integrador Escrileituras, apresentado em Maio de 2014 em Toledo-PR na mesa redonda: “Heidegger, Derrida e Deleuze: perpectivas da diferença”.







"Sócrates é o inventor da ética. Inaugurou novas questões, abandonou os céus e a natureza em busca do Homem. Lançou seus olhos no ínfimo, intimo privado que só a retórica, ou a evasiva maiêutica, pôde cavar. “(..) Sócrates passou a discutir questões morais na praça do mercado, e costumava dizer que o objeto de suas indagações era ‘o que se faz em casa de mal ou de bem’”(LAÊRTIOS, 1977, p.52)."

terça-feira, 24 de junho de 2014

d-est(é)tica da ação como apor(é)tica

Quinto vídeo da série O Pensamento oblíquo produzido pelo Prof. Dr. Silas Borges Monteiro para o IV Seminário integrador Escrileituras, apresentado em Maio de 2014 em Toledo-PR na mesa redonda: “Heidegger, Derrida e Deleuze: perpectivas da diferença”.






"O nome próprio, como a assinatura, é uma inscrição ficcional, o que dá à experiência humana o que podemos chamar de non-fiction novel, por mais ambíguo que isso possa soar nesse momento."

segunda-feira, 23 de junho de 2014

(Des)

Quarto vídeo da série O Pensamento oblíquo produzido pelo Prof. Dr. Silas Borges Monteiro para o IV Seminário integrador Escrileituras, apresentado em Maio de 2014 em Toledo-PR na mesa redonda: “Heidegger, Derrida e Deleuze: perpectivas da diferença”.






"Ouvia lamentos do meu orientador de mestrado sobre a tradução portuguesa do conceito déconstruction, de Jacques Derrida. Incomodava-lhe o prefixo des; a possibilidade de funcionar como antônimo de construção causava-lhe febre. Insistia em falar deconstrução, talvez inspirado pelo herói de Cervantes. Bem, o termo nunca "pegou”. Contudo, esta memória não deixa de produzir um certo tormento quando ouço pessoas propondo desconstruções, quando, na verdade, querem, apenas, “fazer de novo depois de destruir”."

domingo, 22 de junho de 2014

O gesto (des)construtor

Terceiro vídeo da série O Pensamento oblíquo produzido pelo Prof. Dr. Silas Borges Monteiro para o IV Seminário integrador Escrileituras, apresentado em Maio de 2014 em Toledo-PR na mesa redonda: “Heidegger, Derrida e Deleuze: perpectivas da diferença”.





"Se a filosofia não pode propor uma ética, em termos estritos, pois não é um campo prescritivo, quanto menos a filosofia de Jacques Derrida, que nunca trabalhou explicitamente sobre o tema, a não ser em alguns momentos que se deteve nos textos de Emmanuel Lévinas, principalmente nos textos da segunda metade dos anos 1990 em diante. Embora deve-se saber que é de maneira muito artificial que podemos separar períodos ou interesses temáticos no conjunto da obra de Derrida.
Assim, encontro dificuldades em posicionar Derrida nas questões ligadas à ética, embora estejam presentes em sua obra. Tratar o campo é diferente de dedicar-se a ele, durante um período, como mostra Trifonas quando diz que “Jacques Derrida não é um filósofo “ético”. O que quer dizer que ele não expõe uma teoria da ética entendida como “filosofia da ação” ou uma forma de ser-no-mundo.
 Mesmo assim, Derrida sempre teve preocupações com a ética vista como a responsabilidade que temos em reconhecer a diferença do outro. “A desconstrução pesa fortemente aqui.” (TRIFONAS, 1991, p. ix) Deste modo, o peso está na desconstrução da filosofia mais do que em tratar do campo específico. Isso exige que tenhamos um dedo de prosa sobre a desconstrução."

sábado, 21 de junho de 2014

Quando se toma um livro em mãos

Segundo vídeo da série O Pensamento oblíquo produzido pelo Prof. Dr. Silas Borges Monteiro para o IV Seminário integrador Escrileituras, apresentado em Maio de 2014 em Toledo-PR na mesa redonda: “Heidegger, Derrida e Deleuze: perpectivas da diferença”.






"Nesta apresentação, manipulo o texto de Jacques Derrida com a vontade que gere possíveis efeitos no debate sobre a ética e a política. Tenho como ponto de partida o livro intitulado: Paixões. A oferenda oblíqua. Do modo como foi grafado, o título e seu subtítulo chegam a ser enigmáticos."

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Commedia dell'arte

Primeiro vídeo da série O Pensamento oblíquo produzido pelo Prof. Dr. Silas Borges Monteiro para o IV Seminário integrador Escrileituras, apresentado em Maio de 2014 em Toledo-PR na mesa redonda: “Heidegger, Derrida e Deleuze: perpectivas da diferença”.
Onde foi proposto abordar o conceito de diferença em perspectivas distintas. Ao Prof. Dr. Silas Borges Monteiro coube trazer Derrida. Como este evento trouxe o tema da ética, ele tratou da ética da diferença em Derrida.






"Esta apresentação traz em tela ética, estética, desconstrução, nome próprio, disfonia, música, mal-estar, excesso, carência, vida, morte. São conceitos e ideias inscritos no pensamento de Jacques Derrida, considerado um dos filósofos da diferença. Os conceitos não funcionam logicamente, nem estão construídos organicamente. Foram postos em operação por livre associação. Portanto, não se deve esperar uma apresentação comum, mas uma catarse."

terça-feira, 3 de junho de 2014

Cata e as baratas‏

Um exercício de escrita: Catarina Sivieri Schlischka



Aparecem muitos animais na minha casa. Alguns são agradáveis, como o pássaro laranja e preto de canto tristíssimo que apareceu anteontem, a Bonnie e a Mel, que às vezes pulam o muro dos donos e sobem até a varanda enquanto vejo TV, ou vão miar na janela. A Bonnie faz isso quando eles viajam, acho que ela se sente solitária, e a Mel não parece ter outro motivo além de me observar de longe, com os grandes olhos dourados saltando no escuro.
 Alguns podem ser bem desagradáveis, nojentos, ou perigosos, e preciso tirá-los de casa. Ou do mundo, se forem baratas. 
 Meu quarto é o lugar onde mais aparecem baratas na casa, talvez por eu ter o mau hábito de comer na cama. Ou talvez, seja eu que sempre as veja, ouça e fareje, por sempre estar tensa, preocupada que elas possam aparecer. De qualquer modo, sou eu quem mais lida com elas. Eu não gosto de matar baratas. Prefiro sair do ambiente e gritar por alguém que só me chame de volta quando já tiver sumido com o corpo. Elas agonizam de uma forma horrível: morrem se contorcendo, cada segmento do abdômen flexível compondo uma dança do ventre asquerosa, as seis patas patinando no ar no desespero de se agarrar a algo e fugir dali, a cabeça alucinada batendo no chão... E me sinto muito babaca tirando a vida delas. Sempre me lembro de uma fala do Clint Eastwood em “Os Imperdoáveis”: “O diabo de se matar um homem é que você tira dele tudo o que ele tem, é, e poderia ter sido”. A vida, principalmente para um ser como elas, é tudo o que se tem. E além disso, um dia percebi que o cheiro delas é o mesmo que o da fumaça de alguns caminhões. Cheiro de dejeto, cheiro de tóxico. Cheiro dos nossos resíduos químicos e orgânicos, da nossa água contaminada, dos coliformes, dos desperdícios, dos esgotos onde elas vivem. Cheiro dos lugares para onde nossa vida moderna as empurrou e onde se adaptaram para sobreviver. Temos uma grande responsabilidade pela vida que elas têm, e me parece tão injusto matá-las depois de as termos ferrado... Prefiro seguir hipocritamente permitindo a matança, ao mesmo tempo que pesquiso formas de espantá-las de casa. Deve existir um odor que as espante.
 Mas na maior parte do tempo, preciso matá-las. Eu tenho que matá-las, porque não suporto a ideia de saber que ela está lá, viva, em algum lugar, esperando a hora de sair de novo, me observando, abrindo e fechando as mandíbulas horizontais e lambendo os palpos. 
 Mas é verdade que sinto o prazer do alívio depois que me livro de alguma. Já o fiz de várias formas: chinelo é o mais rápido, mas suja; veneno é bom para alturas, mas existe o risco do voo, sendo minha forma favorita, borrifá-la com um perfume barato ou tonteá-la com o chinelo e jogar álcool. Não é a mais rápida das mortes, e é provavelmente dolorosa: o álcool penetra nos espiráculos, que são buraquinhos por onde elas respiram, e as afoga. Deve arder, mas considero a forma mais limpa de se fazer isso. Antigamente, eu colocava fogo nelas depois de mortas, na esperança que o corpo sumisse. Nunca deu certo, e o cheiro se espalhava pelo jardim.
 Contei para um ex-namorado sobre meu sofrimento, dilema e medo quando precisava matá-las, e ele me falou de um ritual que ele sempre fazia, quando a mãe dele o chamava quando elas apareciam. Primeiro, ele pegava a barata nas mãos, e quebrava-lhe as antenas, deixando-a atordoada e insegura. Arrancava as seis patas, uma a uma, e depois o casco e as asas. Por fim, decepava-lhe a cabeça. E, tendo-a reduzido a uma existência aberrante, jogava-a no lixo. Ele sorria. E eu via o próprio Fortunato e o seu rato, atrás daqueles sempre calmos olhos verdes e úmidos, que nunca mais foram os mesmos para mim.
 Houve uma barata que desejei manter viva, que pude manter viva, algo que me alegrou. Ela era grande, tinha duas antenas inquietas, e pernas ligeiras. Era igual a todas as outras, exceto pelo fato de ser verde, num tom fresco de folhas e brotos tenros, como feijões nascidos em algodão. Isso me induziu a tratá-la como um animal inofensivo de jardim. Através dos meus olhos racistas, ela era mais próxima das esperanças e dos vagalumes, e de vez em quando, tirava os olhos do livro para apreciá-la. 
 Nem sempre tive medo, sequer nojo. Quando criança, as pegávamos pela antena para brincar. Meu irmão as explodia com traques ou as jogava em formigueiros, e quanto a mim, não me lembro de fazer nada específico. Devia inventar alguma brincadeira, e soltá-las depois. Passei a ter medo quando um dia, minha mãe saiu e me deixou sozinha, e quando fechou a porta, vi uma enorme barata, atrás. Não querendo sujar a porta, pulverizei-a com Bom Ar. A barata voou e bateu nos meus lábios e bochecha, e eu, que nunca tinha visto barata voar, saí me estapeando e arrancando as roupas e alguns cabelos, até chegar ao box do banheiro, onde lavei o rosto seis vezes, até parar de sentir a sujeira no meu rosto, e finalmente poder abrir a boca e gritar. Nunca mais fui a mesma. 
 Eu estava lendo, então, e fui ao banheiro. Quando voltei, vi que a barata verde não estava mais na janela, percebi que o criado-mudo estava torto, e empurrei-o com força. As rodinhas rangeram, e ao chegar na parede, ouvi o som que as folhas secas fazem quando se pisa nelas. Bastou aquele som cruel para saber que havia esmagado a única barata que jamais teria matado. Ela ainda tremia as antenas e mexia a boca debilmente, e fiquei olhando até ela parar. Coloquei-a na grama do jardim, de onde imagino que ela veio, e não voltei a ler naquela noite.