Larissa Silva Freire Spinelli
Pesquisadora participante do Núcleo UFMT do
Projeto Escrileituras: um modo de "ler-escrever" em meio a vida
O leitmotiv Para dançar de olhos fechados /Para dançar de olhos abertos/, inspirado na atividade criadora da coreógrafa alemã Pina Baush, diz da arte e da educação enquanto “movimento” no sentido de reduzir a separação entre o conhecimento cotidiano, o conhecimento da cultura de massa e o conhecimento escolar. Nesta animação, o cultural se torna pedagógico e a pedagogia se torna cultural.
Tanto as instituições e instâncias culturais diversas são pedagógicas como também a pedagogia é uma forma cultural, ambas enquanto sistemas de significação implicados na produção de significados a favor da diferença.
O currículo e a pedagogia das formas culturais extraescolares são dançarinos, coreografam o movimento, escutam, observam e são capazes de olhar de olhos fechados. Um currículo assim, incitado por Corraza & Tadeu (2003), que com sua potência de afectar e ser afectado desenrola os seus segmentos móveis e figuras moventes numa exterioridade pura. E dispersando-os, mesmo que seus fluxos sejam canalizados, ele se precipita e volta a jorrar, transborda, vaza, escorre para se tornar vetor de transformação.
Desta vez, o desafio é arriscar a desestruturar a significação e aprender a ler uma linguagem, ampliar o vocabulário, encontrar um modo de se expressar, ensaiar um novo movimento de dança!
Como diz Jacques Derrida (2011, p. 40) ao lembrar que Nietzsche nos recomendou uma dança da pena: “Saber dançar com os pés, com as ideias, com as palavras: será preciso dizer que é também necessário sabê-lo com a pena – que é preciso aprender a escrever”?
Referências
CORAZZA, Sandra Mara; SILVA, Tomaz
Tadeu. Composições. Belo Horizonte:
Autêntica, 2003.
DERRIDA, Jacques. A escritura e a
diferença. (Trad. Maria Beatriz Marquez Nizza da Silva, Pedro Leite Lopes e
Pérola de Carvalho). São Paulo:Perspectiva, 2011.