sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Alguma coisa do exorbitante

Ângela Fontana Velho
Bolsista de mestrado do Núcleo UFMT do
Projeto Escrileituras: um modo de "ler-escrever" em meio a vida

Ex-orbitante.
Fora da órbita.
O que excede os limites.
Além do justo e do razoável.
Copioso. Alcandorado. Grandíloquo. Louco.
Além dele, o inesgotável. É um vampirismo dos sentidos, que me esgota e ao mesmo tempo me excede, me satisfaz perdidamente. É a tempestade que termina e é a escuridão que sobrevem depois dela. É escassez de água e de luz e, ao mesmo tempo e sobretudo, uma consciência da existência. É olhar tanto e tão fixamente para o abismo que ele me invade. É uma história silenciosa e louca, uma angústia prazerosa e interminável que dura alguns poucos segundos. Um movimento lento de câmera que, na direção de um inevitável fim, nunca se aproxima. É um orgasmo iminente. Nunca arrebatador porque não cessa. Vazio irônico, porque cheio e complexo. A sutileza de um fim que nunca termina. Rudimentar e denso. É um jogo, uma escritura, uma impossibilidade, um labirinto de inscrições.
Depois dele e através dele nada sobra, a não ser uma espécie de... Nada. Ou não.
Que o exorbitante cumpra o seu papel. Provoque. Corte o olho.

Um comentário:

  1. Ex-Órbitâncias...
    olho - orbita
    a voz se cala.
    Alessandra Abdala

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