segunda-feira, 28 de abril de 2014

Como utilizar as palavras alheias

Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Programa de Pós-Graduação em Educação
Argumentação, Estilo, Composição: Introdução à Escrita Acadêmica
Tomaz Tadeu da Silva

Como utilizar as palavras alheias

Havia, invariavelmente, no esquema tradicional de redação de teses e dissertações, uma seção ou capítulo com o titulo de revisão da literatura. No costume atual, há uma flexibilidade muito maior e é raro ver-se um trabalho  acadêmico que tenha uma seção separada com esse título. Não é preciso, entretanto, invocar a autoridade de teóricos ilustres para concluir que todo texto e toda escrita é, em grande parte, uma questão de citação. De uma maneira ou de outra, escrever é citar. É uma afirmação que, com mais razão, se pode fazer a respeito do trabalho acadêmico, na medida em que se trata de um texto em que a comprovação textual deve ser rigorosamente observada. Mesmo que espalhadas pelo trabalho como um todo e não mais concentradas em um capítulo, as referências aos textos alheios são uma parte integral e importante de qualquer texto acadêmico.

Parece haver, entretanto, alguma dificuldade, entre aspirantes a mestres ou doutores, em lidar com a questão da citação e das referências a fontes alheias. Essas dificuldades vão desde a confusão entre os diversos tipos de utilização das palavras alheias - paráfrase, citação textual, sínteses - até ao discernimento sobre o que citar, passando por questões éticas, como o plágio. Por outro lado, são praticamente inexistentes, na literatura, orientações sobre a questão das citações e das referências textuais em trabalhos acadêmicos Há, evidentemente, uma vasta literatura normativa sobre o assunto, mas essas normas não abordam, obviamente, importantes questões estilísticas e até mesmo éticas relacionadas à questão da citação em teses e dissertações. As sugestões e exemplos que se seguem têm o objetivo preencher um pouco essa lacuna.

1         1.    Distinguir os diversos tipos de citações

Para utilizar de forma eficaz e apropriada as referências textuais, é importante, antes de mais nada, saber distinguir entre as diversas formas de utilização das palavras alheias. Podemos classificá-las nas seguintes categorias.

Citação textual. É a citação em que se transcreve, em maior ou menor extensão, as palavras textuais de um autor. Elas podem se resumir a uma única frase ou estender-se a um parágrafo inteiro. A citação textual é assinalada, se curta, por meio de aspas e no interior do parágrafo ou, se longa, por um parágrafo recuado relativamente aos parágrafos normais.

Paráfrase. As palavras citadas são “traduzidas” na linguagem de quem cita. É preciso ter em mente, neste caso, que ao parafrasear está-se implicitamente reivindicando uma espécie de autoria (apenas para a paráfrase, evidentemente) e é por isso muito importante que as palavras e a sintaxe utilizadas sejam realmente próprias. Não se pode apresentar como paráfrase aquilo que seria, real e legitimamente, uma citação textual. Haveria aí uma certa fraude. Em outro item, darei um exemplo de uma paráfrase legítima e de uma falsa paráfrase.

Síntese. Trata-se também de uma paráfrase, mas de uma passagem mais longa, talvez de um capítulo ou até mesmo de um livro inteiro e, portanto, muito menos colada, em comparação com a paráfrase de apenas uma ou duas frases, ao texto original.

2.      Organizar a exposição em tomo de um problema ou de uma questão

Conhecemos muito bem aquele tipo de texto que se resume a uma sucessão de citações ou paráfrases do tipo “Segundo Fulano de Tal...”, “Para Fulano de Tal...”, “Como disse Fulano de Tal...”. E talvez a maneira menos eficaz e menos imaginativa da utilização de palavras alheias. Evite-a a todo custo!

Uma boa maneira de evitar esse encadeamento de invocações da autoridade alheia consiste em organizar a exposição em torno de uma questão ou de um problema. Se a sua exposição tiver um foco ou um tema central, você irá invocar as palavras alheias apenas para dar apoio às suas ideias a respeito desse tema, ou para contrastar com o que você pensa sobre o tema, ou ainda para comparar o que diferentes autores dizem, concordando ou divergindo, sobre o tema em questão.

Se você não tiver um tema ou problema bem definido, você irá fatalmente invocar a palavra alheia de maneira errática e casual e a propósito de qualquer coisa.

O foco não deve ser, nunca, um autor determinado, mas o seu problema ou o seu tema. Ou seja, não se trata de saber o que um autor determinado tem a dizer sobre qualquer coisa, mas apenas e especificamente sobre o problema que você está tratando.


3.      Utilizar citações textuais de forma limitada e moderada

Evite utilizar citações textuais a propósito de toda e qualquer coisa. As citações textuais devem ter uma justificação precisa. As palavras textuais do autor são tão importantes e tão precisas que não podem ser referidas de outra maneira? É preciso, por uma razão ou outra, destacar que este autor disse precisamente estas palavras? As palavras textuais de um autor precisam ser citadas porque você vai fazer alguma utilização específica delas (como contestá-las, por exemplo)? Em suma, não devemos fazer uma citação textual simplesmente porque as palavras do autor citado nos pareceram particularmente bonitas ou para compensar nossa incapacidade de utilizar palavras próprias.

4.      Evitar citações textuais longas

Uma citação textual longa é raramente justificável. Em geral, uma citação longa - correspondente, por exemplo, à extensão de um parágrafo - contém evidentemente um conjunto relativamente amplo e complexo de ideias. Na medida em que o objetivo de uma citação textual é apoiar uma ideia própria ou compará-la com uma ideia própria ou de um terceiro autor, haverá uma falta de correspondência entre a abrangência da citação e a ideia mais limitada que se está buscando desenvolver. Procure verificar, como leitor, quais partes específicas de uma citação longa de um texto que você está lendo têm relação direta com a ideia que está sendo desenvolvida Em geral, apenas uma parte restrita da citação guarda uma relação direta e especifica com o texto primário. As outras acabam apenas por distrair a atenção do foco principal do tema. Sempre que se sentir tentado a fazer uma citação longa, pergunte-se se uma citação menor, de apenas uma ou duas frases, não seria mais apropriada. Lembre-se: seu objetivo não é mostrar como o autor citado escreve bem ou como expressa bem uma determinada ideia, mas de fazer uso das palavras dele para suas próprias finalidades. Não se trata de mostrar o quanto este ou aquele autor é bom, mas de usá-lo para que o seu texto seja bom. Não permita que as palavras alheias sejam o protagonista principal do seu texto. Utilize-as apenas como artista coadjuvante.

5.             5.   Adquira o hábito de tomar notas em forma de paráfrases

Se você tem dificuldade em se descolar das palavras textuais dos textos que você está estudando e que irá utilizar para escrever o seu próprio texto, adquira o hábito de já resumi-los por meio de paráfrases. Comece por resumir cada parágrafo por meio de uma única frase. Para isso é importante que você, ao ler, utilize um marcador para sublinhar apenas palavras-chave ou ideias-chave e não parágrafos inteiros. Lembre-se: quem destaca tudo não destaca nada. A partir dessas marcações, tente resumir o parágrafo em uma única frase, curta e sintética, mas que contenha sujeito e predicado e não seja apenas o anúncio de um tema. Em um texto que trate, por exemplo, da questão da diferença e da identidade cultural, se poderia resumir, talvez, um parágrafo inteiro pela frase “a representação é central na construção da identidade cultural” e não simplesmente por uma expressão tal como “o papel da representação na construção da identidade cultural”. Essa última formulação apenas informa de que temas trata o parágrafo, mas não diz nada sobre qual a relação entre eles. Uma ideia expressa sempre uma RELAÇÃO entre termos e essa relação só pode ser expressada por um verbo que LIGUE as palavras correspondentes a essas ideias. Apenas uma frase com sujeito e predicado pode expressar essa relação.

A partir dessas paráfrases de parágrafos (você não precisa, evidentemente, parafrasear todos os parágrafos, mas apenas aqueles que parecem relevantes para o seu problema), você poderá, então, tentar fazer um resumo do texto inteiro. Com isso você não apenas terá, ao final, um material que poderá, com pequenas modificações, ser aproveitado diretamente no seu texto, mas, e de forma mais importante, irá adquirindo um hábito que permitirá uma progressiva capacidade de descolamento dos textos originais.

6.      Distinga cuidadosa e rigorosamente suas próprias ideias e palavras das palavras e ideias alheias

Não permita nenhuma ambiguidade que possa fazer com que o leitor não possa distinguir não apenas quais ideias são suas e quais ideias são do autor citado, mas também quais palavras são suas e quais palavras são do autor citado. E preciso utilizar marcadores linguísticos que permitam que o leitor possa fazer facilmente essas distinções. Preste atenção especial às passagens entre a sua voz e a voz alheia. Se você está parafraseando um autor, marque precisamente onde termina a paráfrase e onde começa sua própria opinião. Sabemos, como leitores de Bakhtin, que todo discurso é uma polifonia de vozes, mas é preciso deixar claro a quem pertence cada voz. Cada uma das vozes deve ser rigorosamente marcada. “Aqui é este autor que está falando”, “agora sou eu mesmo que estou falando”, “aqui termina o que ele estava dizendo e começa o que eu mesmo quero dizer”.

7.      Evite as introduções óbvias tais como “Segundo Fulano de Tal”. “Como disse Fulano de Tal”. “Conforme Fulano de Tal”

Se o seu texto estiver organizado em torno de uma questão ou de uma problemática, como foi sugerido, você dificilmente apelará para introduções óbvias como as referidas no título deste item. Não é que não se possa, nunca, utilizar um desses recursos, mas o melhor é integrar as citações ao texto de uma forma mais elegante e natural, sem precisar recorrer à apelação óbvia. Você até pode utilizar isso como critério para avaliar o seu texto: se você estiver recorrendo muito frequentemente a esse tipo de introdução será provavelmente porque há, antes de mais nada, um problema com o tipo de organização e estruturação de seu texto.

8.      Não apresente como paráfrase o que é. na verdade, uma citação textual disfarçada

Obviamente, apresentar ideias e palavras alheias como se fossem próprias é a forma mais evidente de plágio. Há, entretanto, uma forma de plagio menos evidente, que consiste na apresentação de paráfrases que escondem, na verdade, legítimas citações textuais. Isto é, apresentam-se, sem aspas, como se tivessem sido redigidas com as próprias palavras, ideias que estão expressas de forma muito similar à do autor citado. É uma forma disfarçada de citação textual. Em geral, esse tipo de paráfrase denuncia, na verdade, uma má assimilação do pensamento alheio. Quem faz uma verdadeira apropriação das ideias de um autor, deve ser também capaz de expressá-las de maneira própria. Veja os exemplos abaixo e compare:

A citação original (textualmente):

É necessário deixar bem claro: não pretendo afirmar que o sexo não tenha sido proibido, bloqueado, mascarado ou desconhecido desde a época clássica; nem mesmo afirmo que a partir dai ele o tenha sido menos do que antes. Não digo que a interdição do sexo é uma ilusão; e sim que a ilusão está em fazer dessa interdição o elemento fundamental e constituinte a partir do qual se poderia escrever a história do que foi dito do sexo a partir da Idade Moderna. Todos esses elementos negativos - proibições, recusas, censuras, negações - que a hipótese repressiva agrupa num grande mecanismo central destinado a dizer não, sem dúvida, são somente peças que têm uma função loca! e tática numa colocação discursiva, numa técnica de poder, numa vontade de saber que estão longe de se reduzirem a isso (Michel Foucault, História da sexualidade, v. 1, p. 17).

Uma citação textual disfarçada de paráfrase (inaceitável)

Foucault não argumenta que o sexo tenha sido proibido e bloqueado desde a época clássica ou que tenha sido menos depois disso. Ele tampouco diz que a proibição do sexo seja um ilusão. A ilusão, para ele, está em fazer dessa proibição o elemento central e constituinte a partir do qual se poderia escrever a história do sexo na Idade Moderna. Para Foucault, todos os traços negativos, tais como proibições, recusas e negações, que para a hipótese repressiva constituiriam um grande mecanismo central da negação, não passam de peças que têm uma função local e tática num aparato discursivo, numa técnica de poder, numa vontade de saber que não se reduzem a isso.

Uma paráfrase legítima (aceitável)

Foucault não pretende negar que depois da Época Clássica houve uma forte repressão do sexo. A questão, para ele, não está em negar a realidade dessa repressão. O que ele questiona é que se possa compreender a história do sexo na Idade Moderna tendo essa repressão como elemento central. Para Foucault, não é a negação do sexo que é o mais importante, mas sim as formas pelas quais o sexo foi colocado em um discurso que é parte integrante de um processo mais amplo, constituído, além disso, por técnicas de poder e por uma vontade de saber.

O plágio não se caracteriza apenas pela transcrição de frases inteiras de um outro autor. Pode-se considerar plágio também a transcrição, sem marcação de autoria, de uma simples expressão. Se uma expressão tem marca registrada, isto é, pertence a um autor específico, colocá-la sempre entre aspas. Observe a seguinte passagem:

E em todas essas medidas a criança não deveria ser apenas um objeto mudo e inconsciente de cuidados decididos exclusivamente entre adultos; impunha-se-lhe um certo discurso razoável, limitado, canônico e verdadeiro sobre o sexo - uma espécie de ortopedia discursiva (Foucault, História da sexualidade, v. 7, p. 31).

Suponha, agora, que eu resolva utilizar a expressão “ortopedia discursiva” no meu próprio texto. Ela não poderá jamais ser casualmente jogada no texto como se fosse de minha própria autoria, sem nenhuma marcação que assinale claramente sua autoria, neste caso, Foucault. Ela precisará estar assinalada com aspas e deverá ficar claro que foi extraída de um texto de Foucault. Lembre-se: tudo que for caracteristicamente alheio deve ter um sinal de marca registrada. Neste caso, o sinal de marca registrada são as aspas.

Para evitar a tentação de copiar em vez de parafrasear, é aconselhável NUNCA olhar para o texto original enquanto estiver redigindo a paráfrase. Compare os dois textos apenas DEPOIS que você tiver concluído sua própria redação. Nessa comparação, assegure-se de duas coisas: 1 de que você foi fiel à ideia original; 2. de que você foi infiel às palavras originais. Assegure-se, sobretudo, de que você não utilizou nenhuma sequência de palavras que seja coincidente com a do original.

Habitue-se também, ao tomar notas durante a fase de leitura, a marcar claramente quais notas são citações textuais, quais notas constituem interpretações redigidas segundo suas próprias palavras e quais notas constituem transcrições mais ou menos calcadas no texto original.

9.      Utilize citações secundárias apenas excepcionalmente


Há dois tipos de citações secundárias: 1. aquela em que aproveitamos a citação, feita por um autor B, das palavras textuais de um outro autor. A, às quais não temos acesso; 2. aquela em que utilizamos os comentários que um autor B faz sobre as ideias de um outro autor, A. Em geral, evite ambas. A primeira será justificável apenas se o texto original for realmente inacessível e se a citação for absolutamente imprescindível para os propósitos de seu próprio texto. A segunda será evidentemente justificável se o seu objetivo for justamente o de discutir o que diferentes comentaristas disseram sobre o mencionado autor A.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

A Filosofia Francesa Depois de Maio de 68 - Pierre Zaoui

Quinto vídeo da série: Foucault, Deleuze e Derrida pensamentos rebeldes.

No ultimo vídeo da sério o convidado é Pierre Zaoui, filósofo francês,  que lecionou na Universidade de Paris VII - Diderot. Membro do Centro Internacional para o Estudo da filosofia francesa contemporânea (CIEPFC), também foi Diretor do Programa no Colégio Internacional de Filosofia (DTC) 2004-2010.
Sua pesquisa se ​​concentra em Spinoza , Gilles Deleuze ou no pensamento político.
Ele escreve em várias revistas, incluindo Espírit, Asterion e movimentos. Ele é membro do conselho editorial da revista Din.



A maioria das revoluções que conhecemos acabaram reproduzindo exatamente aquilo que elas combatiam. A dissidência não é um modelo de tomada radical do poder. Significa inscrever-se no interior de um sistema, tomar partido, sem jamais acreditar que se pode revolucioná-lo completamente. Assim foi Maio de 68, que de fato ainda não terminou.

Maio de 68 desestabilizou as categorias clássicas da política, quebrou os paradigmas, pulverizou o niilismo e continua a fazê-lo ainda hoje. Foi uma revolução que não causou mortes; foi política, mas não queria tomar o poder. Foucault, Deleuze e Derrida, os filósofos rebeldes, nos ajudam a re-pensar a política do pós-Maio de 68, cada um à sua maneira. Eles propõem a política da felicidade e do intolerável como alternativa à política clássica do medo e da esperança. Uma revolução que ainda está em marcha

terça-feira, 22 de abril de 2014

Unidades Temáticas - Escrileituras - Transcriação

Sexto e ultimo texto produzido pro colóquio interno do EFF, unidade temática: Transcriação

Estudante de graduação em Psicologia na Universidade Federal de Mato Grosso. Participante do Grupo de Pesquisa Estudos de Filosofia e Formação (EFF) - UFMT.

Aproximadamente a quinze ou vinte dias atrás foi-me requerida a tarefa de produzir uma página sobre transcriação como atividade do colóquio interno do EFF. Tarefa ansiogênica pela falta de contato com o conceito de transcriação.

Não pude escapar a compulsão por tentar definir, compreender, apreender, o conceito de transcriação. Impulsionado pela necessidade de entender esse conceito pus-me a ler o referencial teórico indicado. No entanto essa iniciativa se tornou inócua no objetivo de clarear-me essa dúvida dada a densidade dos textos referendados na bibliografia do tema e ao meu parco contato com os mesmos.

Após uma pesquisa sobre o tema me deparei com uma tese de mestrado denominada “Esboço de Transcriação para a Metáfora do Infinito” defendida por Cesar Luiz Moreira da Fonseca Marques apresentada ao Programa de Mestrado em Educação da Universidade Federal do Paraná, sob orientação do Dr Carlos Roberto Vianna e co-orientação do Dr Alexandre Luis Trovon de Carvalho. Na referida tese Marques apresenta algumas elucidações das diferenças entre tradução e transcriação. Abaixo, passo a dar a voz ao próprio Marques citando partes de sua tese:

“Diferentemente da tradução pura e simples, a transcriação pretende mais do que apenas propiciar a passagem de um código para o outro. Visa à compreensão dos significados e idéias, das nuances, contidas no signo e relativos ao contexto cultural de ambas as línguas. Neste processo, ocorre uma transformação do que foi dito, uma manipulação por parte do tradutor/transcriador de modo que o que está sendo traduzido assume uma nova cara, que, de modo nenhum oblitera a figura do autor, mas a enaltece, pois torna o seu texto mais vivo, mais pleno de sentido."

A tarefa da tradução está limitada, portanto, pela impossibilidade da tradução pura ou perfeita onde todos os elementos do texto encontrem correlatos na língua para a qual está sendo traduzida. O que torna o processo de tradução em transformação ou transcriação que se torna então uma resposta frente ao desafio do interdito. 

Para minha surpresa ao tentar compreender o conceito de transcriação e traduzi-lo de uma forma que eu pudesse compreender me deparei com a própria transcriação (!) (?).

Referencia

MARQUES, Cesar Luiz Moreira da Fonseca. Esboço de transcrição para a metáfora básica do infinito. Curitiba, 2007. 106 f. http://www.ppge.ufpr.br/teses/M07_marques.pdf acessado em 14 de abril de 2014 às 14h

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Unidades Temáticas - Escrileituras - Tradução

Quinto texto produzido pro colóquio interno do EFF, unidade temática: Tradução

Graduanda em Psicologia na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Atualmente bolsista de Iniciação científica no projeto Escrileituras - Um modo de ler-escrever em meio à vida.

Tradução é criação. O conceito de tradução em Escrileituras surge a partir dos irmãos Campos que colocam o trabalho do tradutor como um trabalho criador, de experimentação. Rompe-se com a ideia de um tradutor transliterador e assume a feição autoral, que manifesta vivências. Tradução não se pensa sem tradição, ao mesmo tempo em que se desloca desse texto original o temos, talvez, como um objetivo distante, ou uma referencia distante. Não se pensa tradução sem pensar temporalidade, a cada aula um professor faz uma nova tradução de um mesmo conteúdo, a partir de elementos da própria vida. A tradução percorre as oficinas de transcriação como um dispositivo disparador das mesmas. O tradutor opera como um agente de fluxos de intenção.

Referencias


DALAROSA, Patrícia Cardinale. Observatório da Educação/CAPES/INEP. In: HEUSER, Ester Maria Dreger (org.). Caderno de Notas 1: projeto, notas & ressonâncias. Cuiabá: EdUFMT, 2011, p. 15-31.

sábado, 19 de abril de 2014

Unidades Temáticas - Escrileituras - Método

Quarto texto produzido pro colóquio interno do EFF, unidade temática: Método

Estudante de graduação em Psicologia na Universidade Federal de Mato Grosso. Participante do Grupo de Pesquisa Estudos de Filosofia e Formação (EFF) - UFMT; do Núcleo UFMT do Programa Observatório da Educação - Escrileituras: um modo de ler-escrever em meio à vida e do Programa de Educação Tutorial - PET Conexões de Saberes, grupo "Inclusão, Diversidade e Protagonismo na UFMT".

Um pré(texto)sobre o Método

O Projeto Escrileituras: Um modo de ler e escrever em meio à vida, é um jogo de leitura e escrita, que toma a aprendizagem como um processo de pensamento, dinâmico e inacabável, que ocorre dentro do seu tempo, dentro do tempo da produção (Dalarosa, 2011, p. 20). As oficinas desse plano, despidas do roteiro marginalizador, são proponentes do distanciamento ao quotidiano, ao clichê, em rota ao inédito. 

O método e a metodologia nesse “oficinar” são distintos, em que o primeiro é bem mais que modo/modelo pronto de prática a ser seguido e o segundo bem mais que um passo a passo norteador. 

A metodologia é adotada pelo projeto Escrileituras, segundo Dalarosa (2011) como “um modo de intervenção investigativa nas formas de aprender” (p. 21), uma forma de trabalho que ocasiona ao participante da oficina a oportunidade de ser agente-pesquisador do inusitado, em um devir, uma pegada teórica e prática do “oficinar”. Essa desmembra e problematiza, assim, as noções empregadas de sujeito, de realidade e de verdade das proposições, de maneira tal, que estimula o estranhamento e dá contexto à ocorrência de novas vivências.

O método, por sua vez, é o que dá movimento a essa metodologia empregada. É o que torna esse estranhamento, essa aprendizagem, esse fazer e refazer vaporizados o bastante para descobrirem, adentrarem, e impregnarem cada espaço, cada viés desse corpo ator-pesquisador, dentro de uma modalidade de trabalho. Para Deleuze (1997), o método é “[...] um caso de devir, sempre inacabado [...]” (p. 11), a metodologia de mesma forma, é sempre um vir a ser, novos a cada uso partindo da leitura que se constrói e se desmembra a todo instante. 

A unidade temática método (cartográfico, Crítica Genética, Otobiográfico, transcriação, tradução, etc.), é o translado da metodologia (reflexão, deslocamento dos não lugares, material físico utilizado, etc.) aplicada na modalidade de atividade ofertada, no caso a oficina. Observa-se então, que essa não é uma unidade isolada, o que não implica que as demais sejam, mas que é atuante no que tange a motricidade da dinâmica singular pluralizada de cada unidade, de sua realização.

Modelo explicativo para a tríade: Modalidade, método e metodologia:



Referencias

DALAROSA, Patrícia Cardinale. Observatório da Educação/CAPES/INEP. In: HEUSER, Ester Maria Dreger (org.). Caderno de Notas 1: projeto, notas & ressonâncias. Cuiabá: EdUFMT, 2011, p. 15-31.

DELEZE. Critica e Clinica. Trad. Peter Pál Pelbart. Rio de aneiro Editora 34, 2004.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Oficina de Transcriação - DIDÁTICA DA INVENÇÃO

No dia 18/02/2014 foi realizada na Escola Estadual Paciana Torres de Santana, com a turma do 9° ano B, uma oficina de Transcriação - Didática da Invenção, elaborada e executada pelos integrantes da linha 2 de pesquisa do EFF - Diferença e normalização em educação e saúde.

A partir da leitura de Manoel de Barros, objetivou-se que, estando atentos para deslocamento do sentido usual das palavras que é característico do estilo do poeta, fosse explorada a polissemia de verbos ligados à temática da saúde, a partir da Oficina de Transcriação, sendo instigada a criação, a experimentação e a invenção por parte dos alunos, não nos aliando a modelos normalizantes e patologizantes de trabalhar a saúde no contexto escolar.
Para tal, a oficina foi dividida em três momentos:

Primeiro Momento: Apresentação das proponentes da oficina e preparação para a oficina.
  • Investigar o que eles conhecem de poesia/ poetas. 
  •  Investigar se conhecem o Manoel de Barros. 
  • Trecho do documentário “Só dez por cento é mentira” (2008) onde o poeta fala um pouco de sua poesia.
Segundo Momento: Distribuição e leitura de um trecho do poema Uma Didática da Invenção – Parte VII
  • Falar sobre o poema com os alunos 
  • O que chamou a atenção deles 
  •  Dicionário: Para que serve um dicionário? 
  • Verbos – Que verbos eles conhecem ligados à Saúde? 
  • Escrita dos verbos no Papel Pardo
Terceiro Momento: Confecção de um “Dicionário de verbos delirantes” a partir do levantamento feito na etapa anterior com as criações dos alunos sobre os verbos que escolherem
  • Distribuição do material para a produção dos alunos 
  •  Reunião das produções individuais em um livreto

Unidades Temáticas - Escrileituras - Escrileituras

Terceiro texto produzido pro colóquio interno do EFF, unidade temática: Escrileituras

Estudante de graduação em Psicologia na Universidade Federal de Mato Grosso. Participante do Grupo de Pesquisa Estudos de Filosofia e Formação (EFF) - UFMT. Participante do Núcleo UFMT do Programa Observatório da Educação - Escrileituras: um modo de ler-escrever em meio à vida.

Um nome ou um conceito? A partir do início do Colóquio houve uma espécie de estalo: Escrileituras é também um conceito, uma unidade temática que permeia as Oficinas. Escrileituras não é só o nome de um Projeto de Pesquisa. O Projeto em si, como afirma Dalarosa (2011) “encontra potência no ato de criação”.

            Por encontrar potências em tal ato de criação, não podia ser diferente que o conceito escrileitura, segundo Corazza (2007), é um texto que reivindica uma postura multivalente de coautoria entre leitor e escritor, para tornar-se, dessa maneira um exercício de pensamento.

            As atividades realizadas pelo grupo e em grupo permitem compreender escrileitura não só como um nome de um Projeto voltado para o campo da Educação. Permitem compreender que é em si um movimento de escrita-pela-leitura e da leitura-pela-escrita. O pensamento é provocado a criar textos ímpares, porém que não se fecham e são esquecidos, que tornam-se duros, impermeáveis. São textos abertos em que o autor/escritor/leitor pode interferir, traduzir para outras línguas.

            Tomando escrileitura como um modo de ler-escrever há dois autores por nós conhecidos com os quais acho que o diálogo pode ser estabelecido. O primeiro é Derrida. Tal autor afirma que  “só artificialmente podemos separar um texto da vida de seu autor” (DERRIDA apud MONTEIRO, 2013, p.60).  Já o segundo é Nietzsche, e a sua afirmação, presente no seu Zaratustra, é a de que “De tudo escrito, amo apenas o que se escreve com o próprio sangue.” (NIETZSCHE, Assim Falou Zaratustra, Do ler e escrever).

            Com esses autores é possível trazer para a escrita uma das coisas que me chamam a atenção nesse movimento de ler-escrever: uma escrileitura que além de reivindicar o autor, não dissocia sua obra de sua vida, aspecto esse que temos que cuidar para não cair em uma leitura com um quê de analítico, que acabam chegando a questões mais psicológicas. E também, é uma escrita-pela-leitura de entrega, que deve conter o seu próprio sangue, a sua luta nesse exercício de escrita e leitura. Escrileitura é um exercício de pensamento em meio à vida, com a vida.

Referências

CORAZZA, Sandra. Os cantos de Fouror: escrileitura em filosofia-educação. Porto Alegre: Ed. Da UFRGS e Sulina, 2007.
HEUSER, Ester Maria Dreher (org). Caderno de Notas 1: projeto, notas & ressonâncias. Cuiabá: EdUFMT, 2011.

MONTEIRO, Silas Borges. Quando a pedagogia forma professores: uma investigação otobiográfica. Cuiabá: EdUFMT, 2013.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Unidades Temáticas - Escrileituras - Biografema

Segundo texto produzido pro colóquio interno do EFF, unidade temática: Biografema

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Participante do grupo Estudos de Filosofia e Formação (EFF), mestranda pelo Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso.

“Todo escritor dirá então: louco não posso, são não me digno, neurótico sou”. (Barthes, em “O prazer do texto”).

A partir da proposta do professor Silas e após um final de semana inteiro com Barthes, arrisco-me de uma forma simplista (poderia aqui, usar a desculpa da limitação de página, mas confesso minha inconsistência teórica) a fazer não uma definição de Biografema, mas sim um exercício conceitual.

O conceito de Biografema proposto por Roland Barthes pode ser apresentado como a biografia que flerta com a ficção, que não se restringe a uma vida histórica-cronológica, mas que sede espaço para a potência de uma nova vida através dos traços biografemáticos insignificantes e que se tornam disparadores de novos sentidos, novos textos, novas vidas. Sentidos que são tomados pelo “leitor” a partir da multiplicidade de signos que transpassam o texto (COSTA, 2010, p. 28).

Para Barthes todo texto é um “gesto coletivo”, sendo escrito-lido por várias mãos. Neste conceito visualiza-se claramente a proposta das Oficinas de Transcriação Biografemáticas, enquanto espaço facilitador da produção não somente à partir do texto lido, mas COM o texto lido (DALAROSA, 2011). A escritura biografemática não se trata de escrever sobre um autor, e sim da possibilidade de uma nova escritura e de um autor/texto reinventado.

Parafraseando Barthes, enquanto escrileitores: loucos não podemos, neuróticos somos.

Referências

BARTHES, Roland. O prazer do texto. São Paulo: Perspectiva, 1987.

COSTA, Luciano Bedin da. Biografema como estratégia biográfica: escrevendo uma vida com Nietzsche, Deleuze, Barthes e Henry Miller. Porto Alegre: UFRGS, 2010. 180 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.

DALAROSA, Patrícia Cardinale. Escrileituras: um modo de ler-escrever em meio à vida. In: HEUSER, Ester Maria Dreher (Org.). Caderno de notas 1: projeto, notas & ressonâncias. Cuiabá: EdUFMT, 2011. p. 15-29

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Unidades Temáticas - Escrileituras - Aula

Em decorrência do Colóquio Interno que está ocorrendo no EFF, que tem por objetivos:
  • Retomar, em seus pontos-chave, os conceitos propostos pelo Projeto Escrileituras: um modo de ler-escrever em meio à vida; 
  • Revisar e ampliar as unidades temáticas trabalhadas nas oficinas;
  • Preparar, organizar e escrever individualmente, ou em duplas, um artigo acadêmico científico nos moldes da Revista de Educação Pública.
Por dentro e ao redor das Filosofias da Diferença, esse colóquio problematiza a análise e discussão das fontes, métodos e modos de fazer do Projeto Escrileituras.

Assim, foi proposto a alguns dos participantes do colóquio, o exercício de apreensão e tentativa definição das unidades temáticas trabalhadas e em seguida a produção de um texto para apresentação ao Grupo.
As unidades trabalhadas foram: 1. AULA; 2. BIOGRAFEMA; 3. ESCRILEITURAS; 4. MÉTODO; 5. TRADUÇÃO; 6. TRANSCRIAÇÃO.

Hoje falaremos sobre a primeira unidade temática, Aula.
Mestre em Educação pela Universidade Federal do Mato Grosso, Integrante do EFF/IE/UFMT - Grupo de Estudos em Didática, Filosofia e formação do Educador - da Linha de Pesquisa Cultura Memória e Teorias da Educação também da Universidade Federal de Mato Grosso. Participa do Projeto Escrileituras do Observatório de Educação/INEP, como pesquisadora.

       Falando com Claire Parnet, Deleuze longamente, discorreu sobre o oficio do professor.
Ofereceu, nesta (con)versa valiosas pistas a respeito de sua concepção de ensino. Uma aula – diz Deleuze – com seu tempo dilatado, com a continuidade semana a semana, e contrariamente a uma conferencia, permite que se abanque, uma matéria em movimento... 
    “Curiosa ideia sobre o ensino: numa aula não se trata de transmitir uma informação, ou técnica de análise, mas de trabalhar uma matéria em movimento - a matéria pensamento” (PELBART, 2005, p. 9). 
   Movimento. Uma aula, no sentido deleuziano pede - como a dança envolve o corpo - um bailado. Camuflado no sentido, encontro que o termo "aula" denomina a lição que cada dia o professor dá a seus alunos (CASTELLO E MÁRSICO, 2007, p.103). 
     Dá? 
     Como dar uma aula? Esta questão assombra Sandra Mara Corazza. 
    Seguindo a melodia ouvida por Gilles, ela propõe o estranhamento deste lugar onde o professor segue falando a aula, com a sensação de que a “adentra” ao pisar na sala. Para ela, o verdadeiro problema, não é entrar e sim sair dela. “o professor carrega, encontra-se carregado, há cargas: ao seu redor, nos alunos, no plano de ensino, nos livros, na escola (2012, p.23)”. Apesar de não ser possível uma Receita, Corazza nos presenteia com a didática da Criação, que conta, assim como a confecção de uma partitura – com(passos) de aula. 
     Uma aula se afina, com: 
Dados: não estão prontos. São anteriores. Os que preenchem, são clichês, logo, dados-clichês. 
Trabalho: Escovar os dados-clichês. Preparatório, “invisível e silencioso e, entretanto muito intenso”. 
Preparatório: Esvaziar, desobstruir, desentulhar, faxinar, limpar a aula, para subverter as relações dos modelos com as cópias. 
Luta: fuga da aula-dada. Não há regras ou soluções universais. Só a peleia. 
Procedimentos: Só a mutilação não garante a deformação da cópia. Criação, saturação, esgotamentos, paródias. Caminhos procedimentais para explodir como força centrípeta no interior da aula clichê. 
Ato: ao criar regras próprias de ação, desorganizar e deformar dados de aplicação de forças, valoração dos valores, decapitar e sair voando da aula-clichê surge a sua aula. 
    Quando a aula estreia, o desaprender, a solidão acompanhada, os desalinhamentos, a recolocação através da criação, colocam auleiro e a matéria em movimento. 

Referências
Aula. Quem inventou que se trata de dom?(CORAZZA e AQUINO, 2011, p. 25). 


CASTELLO, Luis, MÁRSICO, Cláudia. Oculto nas palavras: dicionário etimológico para ensinar e  aprender. Tradução de Ingrid Müller Xavier. Belo Horizonte: Autêntica, 2007 
CORAZZA, Sandra Mara. Didáticário de criação: aula cheia. Porto Alegre: UFRGS, 2012 (Escrileituras cadernos de notas 3). 
CORAZZA, Sandra Mara, AQUINO, Júlio Groppa (Orgs.). Dicionário das ideias feitas em educação. Ilustrações Mayra Martins Redin. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011. 
PELBART, Peter Pál. Deleuze e a Educação. In: ABRAMOVICZ, Anete e SILVÉRIO, Valter Roberto (Orgs.). Afirmando diferenças: Montando o quebra cabeça da diversidade. Campinas, S P: Papirus, 2005.

terça-feira, 15 de abril de 2014

A TUA PRESENÇA É NEGRA

  O evento cultural “A tua presença é negra” com apoio de dois grupos de pesquisa do PPGE/IE/UFMT: Grupo de Filosofia e Formação – EFF, coordenado pelo Prof. Dr. Silas Borges Monteiro, e o Grupo de Pesquisa em Movimentos Sociais e Educação – GPMSE, coordenado pelo Prof. Dr. Celso Luiz Prudente, será aberto aos frequentadores da UFMT (discentes, docentes, pós-graduandos, pós-graduados, técnicos, etc.), tendo um público limite de 50 pessoas. Objetiva-se valorizar a cultura africana através de apresentações culturais e materiais audiovisuais referentes à história moçambicana, além de tornar evidente a data que marca a largada rumo a Independência desse país, 25 de abril, e que detém como marco cronológico a Revolução dos Cravos. É intencionado que haja um envolvimento da população acadêmica da UFMT no que tange o reconhecimento das vivências e a valorização da escuta do curta-metragem “Dialética do Amor” (2012), que faz das telas televisivas e/ou cinematográficas um veículo condutor de contrastes e simetrias culturais de um povo.





Credenciamento: 18h00min às 19h00min
Filme (Dialética do Amor): 19h00min às19h20min
Após: Debate (Silas B. Monteiro e Celso L. Prudente): 19h30min às 21h00min

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Poder e Luto Originário - Frédéric Worms

Quarto vídeo da série: Foucault, Deleuze e Derrida pensamentos rebeldes.


Hoje quem fala é Frédéric Worms, ele é professor de filosofia da Escola Normal Superior de Paris e diretor do Centro Internacional para o estudo da filosofia francesa contemporânea (CIEPFC).
Sua linha de pesquisa está centrada principalmente na história da filosofia contemporânea. É, hoje, o maior especialista na filosofia de Henri Bergson. Escreveu junto com Philip Soulez a biografia autorizada do filósofo: Bergson; Biographie (2002). Dirige, em Paris, uma nova edição crítica da obra do filósofo chamada Le Choc Bergson publicada pela Presses Universitaires de France, coleção "Quadriga”. 
Preside atualmente a Société des amis de Bergson fundada em 2006 com a função de difundir a pesquisa em torno da filosofia de Bergson e do pensamento francês.



Os pensadores franceses dos anos 60 estão ligados a uma certa imagem de França e nos ajudam a entender as implicações decisivas de nosso presente. Três deles são essenciais: Foucault, Deleuze e Derrida. Expoentes dos anos 60, eles se focalizaram nos anos precedentes para prever os subsequentes e nos permitem assim, compreender nossa atualidade.

Eles pensaram a vida, mas nunca de uma maneira direta e simples, como se a vida fosse um objeto ou um fato, ou uma essência diretos. Eles a abordam sempre de uma maneira indireta, de maneira critica, de praticas de poder, através da linguagem, da política. 

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Esboços e esquemas

Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Programa de Pós-Graduação em Educação
Argumentação, Estilo, Composição: Introdução à Escrita Acadêmica
Tomaz Tadeu da Silva

Esboços e esquemas

“Perder” um certo tempo na elaboração de um esquema, esboço ou plano geral do ensaio, antes de começar realmente a escrever, pode acabar resultando, no final, numa economia de tempo. Evidentemente, um esboço não precisa ser seguido rigidamente, mas mesmo os desvios tornam-se mais fáceis de serem feitos se existe um esquema ou plano prévio. Para os que têm uma mente “gráfica” pode ser mais interessante e produtivo fazer um diagrama ou gráfico em vez de um esboço simplesmente verbal. Pode-se pensar em várias maneiras de se construir um tal diagrama ou gráfico. A maneira mais óbvia é a que imita um esboço verbal e linear. Uma outra consiste em partir de uma ideia central, representada graficamente no meio da página, e ir “puxando” ideias subordinadas que se espalham pela página. Forneço a seguir um exemplo de esboço e um esquema gráfico simples. 

Currículo e plano de imanência

I. Por que estabelecer uma relação entre currículo e plano de imanência?

1. A necessidade de se orientar no “currículo”
2. A possível importância de D&G para uma teoria do currículo

II. A centralidade do conceito de imanência em D&G

1. D&G: uma filosofia da imanência
2. O conceito de imanência percorre a obra de D&G
3. Relação entre o conceito de imanência e outros aspectos da filosofia de D&G

III Os antecedentes do conceito de imanência

1. O conceito de imanência na história da filosofia
2. Imanência X transcendência na história da filosofia
3. A imanência em Spinoza (Ética)

IV. Por quê plano?

1. Plano no sentido geométrico
2. As outras acepções de piano

V. Por quê imanência?

1. Imanente a quê?
2 Imanência e uma vida

VI. Traçar um plano de imanência

1. As “dimensões” de um plano de imanência. longitude, latitude
2. Os afetos, as velocidades, as lentidões, as partículas de composição
3. As capacidades dê um corpo
4. Plano de imanência e composição/agenciamento
5. Plano de imanência e cartografia/diagrama

VII. Plano de imanência na literatura “secundária"

1 Interpretações da noção de plano de imanência
2 Exemplos de plano de imanência na literatura “secundária”

VII. Plano de imanência de currículo

1. O que significa traçar um plano de imanência no currículo
2. Plano de imanência no currículo ou na teoria do currículo?
3. Diagramar o currículo: quais afetos, quais partículas, quais capacidades
4. Diagramar o corpo, seus afetos e capacidades, no currículo
5. O plano de imanência e uma “etologia do currículo”

Uma alternativa gráfica




quinta-feira, 3 de abril de 2014

A Vida Pode Ser Fora Das Normas? - Guillaume Le Blanc

Terceiro vídeo da série: Foucault, Deleuze e Derrida pensamentos rebeldes.

Guillaume é professor da Universidade Michel de Montaigne, em Bordeaux, onde também mantém um grupo de pesquisa sobre medicina e suas relações com a vida social. Autor de livros consagrados a estudar essas figuras de precariedade que inspiraram a obra de Foucault (Vidas ordinárias, vidas precárias, 2007, Dentro/fora, 2007, A condição do estrangeiro, 2011, O que fazer da nossa vulnerabilidade, 2011).



O que significa dizer que a Filosofia avança em direção à tolerância, ao respeito dos outros pensamentos? Significa que ela busca afrouxar o curso das normas dentro das quais as existências estão contidas. A vida está em relação estreita com as normas e estas normas são plurais, múltiplas. Entre, inclusão, exclusão e precariedade, onde cada um de nós se situa? Se escorregamos para a margem, para a periferia da sociedade, nos tornamos um fora-das-normas, um excluído do jogo social, um condenado pela maldição social?


Segundo Guillaume Le Blanc, a margem não é simplesmente o que está fora do mapa de uma sociedade, mas também algo que abre novas formas de vida.