segunda-feira, 5 de maio de 2014

Parágrafos: estrutura e desenvolvimento

Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Programa de Pós-Graduação em Educação
Argumentação, Estilo, Composição: Introdução à Escrita Acadêmica
Tomaz Tadeu da Silva

Parágrafos: estrutura e desenvolvimento

I.                   Noções gerais sobre parágrafo

- Parágrafos devem começar e terminar com ideias/informações importantes.
- Em geral, a frase inicial de um parágrafo anuncia a ideia principal, aquilo do qual o parágrafo vai tratar.
- As frases do meio do parágrafo desenvolvem a ideia principal.
- A frase final deve sumariar, concluir, fechar a ideia introduzida no parágrafo, antecipando a ideia do seguinte.
- Um parágrafo deve fazer sentido como um todo; suas palavras e frases devem estar claramente conectadas.
- Cada parágrafo conecta-se com o anterior e com o seguinte.

     II.        Perguntas para verificar a estrutura e o desenvolvimento de um parágrafo

- Qual é a frase-tópico (na nomenclatura de Faraco e Tezza, “frase-guia”) de cada parágrafo? Ela é explícita ou implícita? Se explícita, em que lugar do parágrafo ela
está?
- Existe alguma frase que não esteja relacionada com a frase-tópico? E possível justificar sua inclusão?
- Cada parágrafo está organizado de forma a facilitar a leitura? De que maneira as frases estão ligadas? É preciso acrescentar conexões? Há conectivos que criam ligações inexistentes entre ideias? Há ideias que tem ligações, mas que não estão assinaladas por conectivos? Há conectivos que criam ligações inapropriadas?
- Cada parágrafo desenvolve a ideia-chave de forma completa? Que estratégias de desenvolvimento são utilizadas? Elas são eficazes? Que outras estratégias poderiam ser utilizadas? O parágrafo precisa ser mais desenvolvido?
- A primeira frase de cada parágrafo informa o leitor sobre o que o parágrafo irá tratar? A última frase conclui, sintetiza, fecha a discussão introduzida pela ideia principal?
- Há variação de tamanho entre os parágrafos? Há algum parágrafo demasiado longo ou demasiado curto? Há alguma ideia que poderia ser destacada por um parágrafo de uma única frase?
- De que forma os parágrafos estão ligados, conectados? E preciso acrescentar alguma conexão/conectivo?
- Há alguma expressão de transição que cria ligações não existentes entre parágrafos? Há ligações entre parágrafos que não estão assinaladas por expressões de transição? Há ligações inadequadamente assinaladas?
- De que forma o parágrafo introdutório captura a atenção do leitor? Como ele inicia? Com uma história, com uma pergunta, com uma afirmação forte? Poderia começar de uma outra maneira?
- De que forma o último parágrafo efetua a conclusão? Deixa no leitor uma última impressão que seja forte e marcante? Como termina? Com uma pergunta, uma citação, uma imagem marcante, uma advertência, um apelo à ação? De que outra forma poderia concluir?

      III.       Construindo parágrafos com unidade: foco em uma ideia principal

1.      Colocando a frase-tópico no início do parágrafo

- É a maneira mais comum de iniciar um parágrafo e de chamar a atenção para a ideia principal, dizer imediatamente ao leitor de que se trata. As frases subsequentes desenvolvem essa ideia principal:

Enquanto uns proclamam o fim da representação, entretanto, outros reivindicam o direito à representação. Os questionamentos lançados às epistemologias canônicas, às estéticas dominantes, aos códigos culturais oficiais partem precisamente de grupos sociais que não se vêem aí representados. Há uma revolta das identidades culturais e sociais subjugadas contra os regimes dominantes de representação. É essa revolta que caracteriza a chamada “política de identidade”.

2.      Colocando a frase-tópico no fim do parágrafo

- Em geral, a colocação da frase-tópico no início segue uma ordem lógica que vai do geral ao particular. A colocação da frase-tópico no final, ao contrário, vai do particular para o geral:

Homem, branco ou heterossexual: identidades que, por funcionarem como norma, não aparecem como tais. E o outro que é étnico. É o outro, como homossexual, que aparece como identidade inteira e exclusivamente definida pela sexualidade. A identidade feminina é marcada por falta em relação à do homem. A identidade subordinada é sempre um problema: um desvio da normalidade. Ela é, sempre, a identidade marcada. Como consequência, a pessoa que pertence a um grupo subordinado carrega, sempre, toda a carga e todo o peso da representação. Como identidade marcada, ela representa, sempre e inteiramente, aquela identidade. No regime dominante de representação, a identidade dominante é a norma invisível que regula todas as identidades.

3.      A fase-tópico inicial reiterada na frase final do parágrafo

- É possível combinar as duas coisas: uma frase-tópico que inicia o parágrafo e que é reiterada na frase final:

O fetiche deve sua existência à ambiguidade. É simultaneamente europeu e africano. Apresenta-se como visceralmente material, mas invoca, ao mesmo tempo, o que há de mais inapelavelmente transcendental. É matéria e é espírito. Humano e divino. Conceito e coisa. Autônomo e dependente. Tem um pé neste mundo e um olho no outro. O fetiche, num mesmo movimento, afirma e nega. Fascina e repugna. Reafirma a centralidade do sujeito europeu no mesmo gesto em que denuncia seu fascínio e curiosidade pelo outro colonizado. Autentica, por um momento, a autonomia do sujeito apenas para, no seguinte, pô-la em dúvida. O fetiche é presença e ausência. Aqui está ele; já se foi. Olha ali: ele parece ter vida própria; olha de novo: já não tem mais. Em sua metamorfose sexual, freudiana, movimenta-se constantemente entre o todo e a parte, o genuíno e o substituto, o mesmo e o diferente. Quando põe sua máscara social, marxiana, confunde coisa com gente e, inversamente, gente com coisa. O fetiche é um ser ambíguo, híbrido, limítrofe, fronteiriço.

4.      A ideia-chave está implícita

- A frase-tópico não aparece de forma explícita. Ela está implícita nas outras frases presentes no parágrafo:

A verdade como ficção, invenção e criação. Uma visão perspectivista e interpretativa do conhecimento. O conceito como produção e intervenção e não como descoberta ou reflexo. A insistência no caráter produtivo da linguagem. O privilegiamento da diferença e da multiplicidade em detrimento da identidade e da mesmidade. Rejeição da transcendentalidade e da originariedade do sujeito. O caráter heterogêneo, derivado, das formações de subjetividade. A não- identidade do “sujeito” consigo mesmo. A opção por uma genealogia em prejuízo de uma ontologia. A pesquisa não das essências e das substâncias mas das forças e das intensidades. Insistência no “poder” de inventar, fixar, tomar permanente e não na capacidade cognitiva de descobrir, revelar, desvelar. Contra o duvidoso gosto pela essência, uma declarada predileção pela aparência. Não a presença (do ser?), mas seu diferimento, sua diferença, seu retardamento, seu espaçamento. Horror ao pensamento da negação e da contradição. O devir em vez do ser. Não os valores mas sua valoração. Não a moral mas sua proveniência. [Qual é a ideia-chave?]

IV. Características de uma boa frase-tópico

 A frase-tópico não deve:

- ser vaga
- ser fraca
- ser geral
- ser óbvia
- esgotar-se em si mesma

A frase-tópico deve.

- ser instigante, instigadora
- ser problematizante
- ser intrigante
- ser forte
- permitir, exigir desdobramentos
- criar expectativas
- sugerir polêmica
- exigir demonstração, argumentação

Nos exemplos seguintes a versão “b” é melhor do que a versão “a”.

1. a) A linguagem descreve a realidade.
b) A linguagem não se limita a descrever a realidade.

2. a) O discurso instaura verdades.
b) Em contraste com a compreensão do senso comum de que o discurso se limita a descrever a realidade, alguns autores argumentam que o discurso faz muito mais do que isso: ele produz e cria uma realidade própria, ou seja, o discurso instaura verdades.

3. a) A escola transmite a ideologia dominante.
b) Mais do que transmitir o conhecimento propriamente dito, a escola transmite os valores e as ideias dominantes, ou seja, a escola transmite a ideologia dominante.

4. a) A filosofia da diferença teve origem na França, na década de cinquenta.
b) A filosofia da diferença, teve origem na França, na década de cinquenta, em resposta ao predomínio de filosofias como a fenomenologia, com sua ênfase na consciência e no sujeito.

5. a) O conceito de diferença é muito importante.
b) Por que se pode dizer que o conceito de diferença é importante?

V. Estratégias de desenvolvimento de parágrafos

Como regra geral, evitar parágrafos compostos de uma sequencia de frases vagas e genéricas. Procurar escrever frases que sejam específicas, precisas, “concretas”. Desenvolver plenamente uma ideia principal antes de passar para uma outra. A não ser que seja o objetivo explícito, não juntar num mesmo parágrafo uma série de ideias de mesmo nível de importância.

Mal:
O discurso cria verdades. A verdade é um efeito do poder. O saber é inseparável do poder. A verdade é produzida pelo poder.

Melhor:
Estamos acostumados com a ideia de que a linguagem simplesmente representa uma realidade que supostamente existiria fora e independentemente dela. Assim, por exemplo, quando pensamos na natureza da linguagem, tendemos a pensar em frases tais como “a maçã está sobre a mesa” que expressaria um fato extralinguístico ou extra-discursivo. É para nós mais estranha a ideia de que a linguagem não apenas representa alguma coisa, mas, mais do que isso, cria alguma coisa. Nessa última perspectiva, o discurso não se limitaria a descrever uma realidade que existiria fora e antes dele, mas, antes, produziria uma nova realidade, uma realidade que não existia antes. Assim, por exemplo, independentemente do fato de que seja efetivamente verdade que “João é pouco inteligente”, se essa frase for reiteradamente pronunciada acabará por criar como fato, na opinião das pessoas, de que “João é pouco inteligente”. Assim como acontece nesse caso relativamente simples, podemos dizer, de forma mais geral, que o discurso acaba por produzir verdades.

1.      Ilustrar, exemplificar

- Uma das formas mais comuns e eficazes de desenvolvimento de parágrafos consiste em ilustrar uma ideia através de um exemplo ou de uma série de exemplos.

É fácil compreender que identidade e diferença estão em uma relação de estreita dependência. A forma afirmativa como expressamos a identidade tende a esconder essa relação. Quando digo “sou brasileiro” parece que estou fazendo referência a uma identidade que se esgota em si mesma. “Sou brasileiro” - ponto. Entretanto, eu só preciso fazer essa afirmação porque existem outros seres humanos que não são brasileiros. Em um mundo imaginário totalmente homogêneo, no qual todas as pessoas partilhassem a mesma identidade, as afirmações de identidade não fariam sentido. De certa forma, é exatamente isso que ocorre com nossa identidade de “humanos”. E apenas em circunstâncias muito raras e especiais que precisamos afirmar que “somos humanos”.

2. Definir

- Trata-se de uma estratégia muito comum nos textos dissertativos ou argumentativos. Definir um conceito, neste caso, não significa simplesmente fornecer uma definição do tipo que é dada nos dicionários, mas precisá-la, fornecendo exemplos, distinguindo o conceito em questão de conceitos que lhe são próximos, contrastando-o com conceitos opostos, etc.

Nesse contexto, a representação é concebida como um sistema de significação, mas descartam-se os pressupostos realistas e miméticos associados com sua concepção filosófica clássica. Trata-se de uma representação pós-estruturalisla. Isto significa, primeiramente, que se rejeitam, sobretudo, quaisquer conotações mentalistas ou qualquer associação com uma suposta interioridade psicológica. No registro pós-estruturalista, a representação é concebida unicamente em sua dimensão de significante, isto é, como sistema de signos, como pura marca material. A representação expressa-se por meio de uma pintura, de uma fotografia, de um texto, de uma expressão oral. A representação não é, nessa concepção, nunca, representação mental ou interior. A representação é, aqui, sempre marca ou traço visível, exterior.

3. Dividir e classificar

- Dividir e classificar constituem, na verdade, uma única estratégia, vista de dois pontos de vista diferentes. Utilizamos a divisão se partimos de uma categoria mais ampla e a dividimos em duas ou mais subcategorias. Utilizamos a classificação se efetuamos a operação contrária: partimos de dois ou mais grupos mais restritos e os agrupamos numa categoria mais ampla. Assim, por exemplo, posso dizer que as pessoas que fazem dieta estão divididas entre aquelas que fazem dieta por questões de saúde e aquelas que fazem dieta por questões de estética (divisão). Inversamente, posso dizer que as pessoas que estão preocupadas com a estética e as pessoas que estão preocupadas com a saúde formam dois grupos que tendem a fazer dieta (classificação). No primeiro caso, parte-se das semelhanças para as diferenças e no segundo, das diferenças para as semelhanças.

A perspectiva critica de multiculturalismo está dividida, por sua vez, entre uma concepção pós-estruturalista e uma concepção que se poderia chamar de “materialista”. Para a concepção pós-estruturalista, a diferença é essencialmente um processo linguístico e discursivo. A diferença não pode ser concebida fora dos processos linguísticos de significação. A diferença não é uma característica natural: ela é discursivamente produzida. Além disso, a diferença é sempre uma relação, não se pode ser "diferente” de forma absoluta, é-se diferente relativamente a alguma outra coisa, considerada precisamente como "não- diferente”. Mas essa "outra coisa” não é nenhum referente absoluto, que exista fora do processo discursivo de significação: essa “outra coisa”, o “não- diferente”, também só faz sentido, só existe, na "relação de diferença” que a opõe ao "diferente”. Na medida em que é uma relação social, o processo de significação que produz a "diferença” se dá em conexão com relações de poder. São as relações de poder que fazem com que a "diferença” adquira um sinal, que o "diferente” seja avaliado negativamente relativamente ao “não-diferente”. Inversamente, se há sinal, se um dos termos da diferença é avaliado positivamente (o “não-diferente”) e o outro, negativamente (o "diferente”), é porque há poder. [A concepção 'materialista ” é discutida no parágrafo seguinte.]

Apesar de suas divergências - muitas, aliás - o pensamento de Gilles Deleuze e o pensamento de Jacques Derrida podem ser, ambos, caracterizados como a expressão de uma “filosofia da diferença”. A diferença é, em ambos, um conceito central: em Deleuze, por meio do desenvolvimento de uma “diferença em si mesma”; em Derrida, pela criação do conceito de diffèrance. Questionam, ambos, o privilégio que a metafísica concede à identidade em prejuízo da diferença: Deleuze ao colocar em questão o “pensamento da representação”; Derrida, ao problematizar a “metafísica da presença”.

4. Comparar e contrastar

- São duas estratégias bastante comuns e eficazes de desenvolvimento de parágrafos. Comparar coloca em evidência as semelhanças entre duas coisas (ver o exemplo imediatamente anterior, sobre Deleuze e Derrida). Contrastar, por sua vez, salienta as diferenças entre duas coisas. Há duas maneiras de fazer isso: 1. em bloco, apresentando todas as características de uma das coisas e, depois, todas as características da outra; 2. de forma alternada, focalizando, para cada característica ou conjunto de características, ora uma, ora outra das coisas.

A diferença de Deleuze não é exatamente a diferença de Derrida. Para Derrida, a diferença está estreitamente ligada à ideia linguística de significação. O desenvolvimento que ele faz da noção de diferença não pode ser separado de uma concepção do tempo como variável descontínua. Além disso, apesar de sua rejeição de uma estratégia puramente negativa, o seu conceito de diffèrance ainda permanece, de alguma forma, subordinado a uma certa ideia de negação. Em Deleuze, por outro lado, o conceito de diferença está ancorado mais na noção de expressão do que na de significação. Em contraste com Derrida, a noção de tempo subjacente à sua concepção da diferença, é fundamentalmente, inspirado em Bergson, de um tempo contínuo. Finalmente, seu projeto do desenvolvimento de uma “diferença em si mesmo” rejeita terminantemente qualquer apelo ao mínimo traço de negatividade. [Em bloco ]
A diferença de Deleuze não é exatamente a diferença de Derrida. Enquanto que, para Derrida, a diferença está associada à ideia de significação, para Deleuze, é a noção de expressão que é central. Se para Derrida, a noção de tempo que serve para o desenvolvimento do conceito de diffèrance é fundamentalmente a de um tempo descontínuo, para Deleuze, em contraste, inspirando-se em Bergson, é a continuidade do tempo que é fundamental. Finalmente, apesar de seus esforços para se desligar da negatividade da dialética, enquanto Derrida continua preso a uma certa forma de negação. Deleuze rejeita terminantemente qualquer apelo a uma estratégia negativa dc pensamento, [Alternância]

5.      Articular relações de causa (razão, motivo) ou efeito (consequência)

- É difícil pensar num texto dissertativo ou argumentativo que não explore relações de causa (razão, motivo) ou efeito (consequência).'Evidentemente, há muitas maneiras de apresentar processos de causa ou efeito, algumas mais explícitas, nas quais são visíveis marcas linguísticas que assinalam esse tipo de relação (consequentemente, logo, então, pois, assim, portanto, etc.), outras mais implícitas, nas quais a relação está apenas sugerida. Na verdade, grande parte de um texto dissertativo é feito de parágrafos cujo desenvolvimento consiste em justificar (dar as razões) a afirmação contida na frase-tópico. “Por que podemos afirmar isso?” Quer dizer, explicar (dar as razões de uma afirmação) é uma das estratégias básicas de desenvolvimento de parágrafos num texto dissertativo.

Não se pode esquecer que a hibridização se dá entre identidades situadas assimetricamente em relação ao poder. [POR OUÊ?] Os processos de hibridização analisados pela teoria cultural contemporânea nascem de relações conflituosas entre diferentes grupos nacionais, raciais ou étnicos. Eles estão ligados a histórias de ocupação, colonização e destruição. Trata-se, na maioria dos casos, de uma hibridização forçada.

6. Reiterar, parafrasear, retomar

- Outra vez, na medida em que o objetivo de boa parte dos parágrafos dos textos dissertativos concentra-se em explicar ideias, eles são necessariamente compostos de explicações, as quais, por sua vez, como todo bom professor sabe, consistem em expressar de uma outra forma a mesma ideia: reiterar, parafrasear, retomar.

Primeiramente, a identidade não é uma essência; não é um dado ou um fato - seja da natureza, seja da cultura. A identidade não é fixa, estável, coerente, unificada, permanente. A identidade tampouco é homogênea, definitiva, acabada, idêntica, transcendental. Por outro lado, podemos dizer que a identidade é uma construção, um efeito, um processo de produção, uma relação, um ato performativo.

7. Combinar diversas dessas estratégias

- Normalmente, a composição de um parágrafo é feita por uma combinação de algumas dessas estratégias. Pode-se, por exemplo, dar as razões de uma afirmação, ao mesmo tempo que se ilustra a afirmação com exemplos. O importante a reter é que a construção de um parágrafo se dá por acumulação, progressão, desenvolvimento. Não é por acaso que todas essas palavras (desenvolver, desenrolar, desdobrar, explicar) estão etimologicamente relacionadas. Desenvolver é des+envolver e envolver é enrolar. Assim, desenvolver é desenrolar. Desdobrar, por sua vez, é des+dobrar. Finalmente, explicar é ex+plicar e plicar vem de um verbo latino que significa dobrar. Logo, desenvolver = desdobrar = desenrolar = explicar. (Poderíamos acrescentar a esses verbos os verbos “envelopar” e “desenvelopar” que, vindos do francês, correspondem aos nossos “envolver” e “desenvolver”). Pode-se pensar na ideia-chave que está contida na frase-tópico como uma ideia concentrada, dobrada, envolvida, “plicada”, que contém em si outras ideias que precisam ser desdobradas, desenvolvidas, explicadas. Inversamente, podemos pensar nas frases que se desenvolvem a partir da frase-tópico como expressando ideias que, se dobradas, envolvidas, enroladas, “plicadas”, retornarão a seu estado “original”, compactado.

- Para finalizar, as duas regras fundamentais na estratégia de desenvolvimento de parágrafos:

1.      NÃO pular de ideia para ideia no interior de um parágrafo, sem qualquer transição. Cada uma das ideias deve estar relacionada com uma MESMA ideia principal.

2.      Não ficar, entretanto, simplesmente REPETINDO a MESMA ideia, sem acrescentar nenhuma informação nova. O parágrafo é ACUMULAÇÃO, PROGRESSÃO, DESENVOLVIMENTO.


Em suma, não saltar, mas também não ficar no mesmo lugar.

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